
Em 2025, a acessibilidade digital no Brasil registrou avanços importantes, mas mostra-se longe de alcançar resultados satisfatórios. Apenas 2,9% dos sites brasileiros foram aprovados em todos os testes de acessibilidade, segundo avaliação da BigDataCorp em parceria com o Movimento Web para Todos. Esse número diminuiu em relação ao ano anterior e reflete a baixa prioridade dada à inclusão no contexto digital.
Enquanto isso, um levantamento realizado pela startup Hand Talk mostrou que 54% das empresas brasileiras ainda enfrentam dificuldades para implementar políticas de acessibilidade digital, principalmente por falta de conhecimento e treinamento interno. O estudo também revelou que 61% das companhias não oferecem formação sobre o tema e que apenas 42% contam com um profissional especializado em acessibilidade, o que limita significativamente iniciativas de inclusão.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 18,6 milhões o número de pessoas com deficiência no Brasil. No entanto, apenas 39% dos entrevistados em pesquisa da Hand Talk afirmaram que os sites atendem suas necessidades de navegação. Ajustes visuais como contraste e tamanho de fontes aparecem entre as demandas mais recorrentes, revelando que os problemas de acessibilidade não são apenas técnicos, mas também sociais e culturais.
Avanços regulatórios e impacto das normas
No cenário regulamentar, o lançamento da norma ABNT NBR 17225:2025, baseada nas Diretrizes WCAG 2.2 do W3C, representa um marco relevante. A norma estabelece 146 diretrizes técnicas, como uso correto de imagens, cabeçalhos, formulários, contraste e navegação por teclado, e, embora opcional para o setor privado, será obrigatória para órgãos do Executivo federal. Além disso, tramita no Congresso Nacional um projeto que institui o Dia Nacional da Acessibilidade Digital, visando incentivar políticas inclusivas e a fiscalização do cumprimento das normas.
Do ponto de vista legal, o artigo 63 da Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015) já exige a acessibilidade em sites de empresas e órgãos públicos. Essa exigência reforça que a ausência de recursos como alternativas de texto, estrutura lógica e compatibilidade com tecnologias assistivas pode representar não apenas exclusão digital, mas também risco jurídico para as organizações.
Tecnologia como aliada da inclusão
Em paralelo, a inteligência artificial emerge como aliada da inclusão. De acordo com relatório da consultoria Market Research Future, o mercado global de softwares de acessibilidade deve crescer de US$ 721 milhões em 2023 para U$ 1,3 bilhão em 2030. O Brasil aparece como líder na América Latina, respondendo por 7% a 10% deste mercado. Ferramentas como tradução automática para Libras, descrição de imagens e interfaces adaptativas mostram que a tecnologia pode facilitar a inclusão de pessoas com deficiência em ambientes digitais.
Um dos aspectos que impactam na acessibilidade é a hospedagem de site, que influencia diretamente quais recursos poderão ser utilizados. Escolhas que priorizam compatibilidade com frameworks inclusivos, suporte técnico treinado e infraestrutura capaz de atender a padrões de acesso universal são fundamentais para que a navegação seja estável e inclusiva para todos os usuários.
O ano de 2025 marca o momento em que a inclusão digital deixou de ser apenas uma bandeira ética e passou a exigir ação técnica estruturada. O avanço normativo, o papel da tecnologia e o reconhecimento das barreiras reais enfrentadas por milhões de brasileiros mostram que tornar a web acessível passou a ser uma necessidade estratégica, e não apenas opcional. As empresas que aderirem a essa mudança ganharão não só em reputação, mas também em alcance, usabilidade e engajamento junto a públicos amplos e diversos.